14 de ago. de 2011

Perdidos na noite

Tinha 15 anos e não assisti ao filme. Àquela época, os cinemas eram rígidos e só com 18 poderia ter visto "Midnight Cowboy". Porém, as canções da trilha sonora imediatamente vieram à memória. Em 1969 aconteceram tantas coisas interessantes! Foi um ano efervecente.


Ondas de protestos contra guerra do Vietnã (entre 1959 e 30 de abril de 1975). O Festival de Woodstok por "Paz e Amor"(15 a 18 de agosto), a pílula produzida em comprimidos foi popularizada liberando o amor livre, e as drogas matando tantos jovens talentos, letra de tantas canções. O homem na Lua (20 de julho). "Abbey Road" foi o 12° álbum lançado pela banda britânica The Beatles (26 de setembro).

No Brasil, os anos de chumbo iniciavam, o exílio de tanta gente progressista e comunista começava e um dos motes do governo nessa época era “Brasil ame-o ou deixe-o” e “ninguém segura esse país”. Carlos Marghella foi baleado e morto dentro de um Fusca, em São Paulo. No dia 17 de outubro, foi promulgada pela junta militar a Emenda Constitucional nº 1, incorporando dispositivos do AI-5 à constituição, estabelecendo o que ficou conhecido como Constituição de 1969. Também aconteceu o milésimo gol de Pelé no Maracanã e nascia a TV Cultura e o Jornal "O Pasquim". Os Festivais de Canções revelando grandes talentos.


Nos EUA, conflitos raciais, movimento hippie e a crise econômica que mostrava sua cara feia (e esse "filme" está sempre em cartaz) e todas as mazelas do capitalismo selvagem americano, aparecem escancarando a prostituição, homossexualidade, drogas, falta de esperança, miséria, desemprego e são abordados cruamente no filme. 

Acho que isso teve grande peso para a minha adolescência ser tão inesquecível e trazer tanta saudade. Parece que tudo aconteceu em 1969. Inclusive meu 1° amor...


Hoje, perdida na noite de sábado, pelos canais da TV, dou de cara com o filme e me emociono. A canção “everybody talking” penetrou pelos meus poros, e levitei de volta ao passado, poucas lembranças visuais do filme, mas uma forte emoção tomou conta de mim. Nos bailinhos de garagem tocavam todas essas canções da trilha sonora, e a cada música, um deleite, uma saudade. 


O filme é um clássico de 1969 do John Schlesinger, com Dustin Hoffman e Jon Voight: “Midnight Cowboy” (Perdidos na Noite), uma obra que continua a impressionar por sua atualidade de roteiro. Recomendo!


Curiosidades do filme:

Dustin Hoffman usou pedras nos sapatos durante toda filmagem para que seu personagem, que era manco, ficasse convincente em todas as cenas. E Jon Voight, no papel do cowboy Joe Buck, é o pai de Angelina Jolie.


A Trilha sonora, mais que deliciosa, uma viajem no tempo:


Everybody's Talkin - Fred Neil (Música tema).
A Famous Myth - Jeffrey Comanor.
Tears and Joy - Jeffrey Comanor.
Joe Buck Rides Again - John Barry.
Midnight Cowboy - John Barry.
Fun City - John Barry.
Florida Fantasy - John Barry.
Science Fiction - John Barry.
He Quit Me - Warren Zevon.
Jungle Gym at the Zoo - Wes Farrell for Buddah Records.
Old Man Willow - Wes Farrell for Buddah Records.


"Perdidos na noite" ganhou vários prêmios, e o Óscar em 1970 e venceu na categoria de melhor performance de vocalista masculino contemporâneo (Harry Nilsson) com a canção original de Fred Neil, Everybody's Talkin' , utilizada na trilha sonora do filme.


Olha aqui o Harry Nilsson que gracinha!

5 comentários:

Helena disse...

Eliana... realmente... parece que tudo aconteceu em 1969. Vc mais uma vez alegrou meu coração com recordações gostosas de uma época que
predominava a ingenuidade da adolescência em meu coração. Bjs.

Rendados d'adua doce disse...

Incrível, mas 1969 foi também o MEU ano. Fiz doze anos em janeiro, me apaixonei pela primeira vez, descobri muita coisa.
Tenho uma postagem sobre isto, queria muito que visses!
http://prosarepoesia.blogspot.com/2009/07/noite-que-as-coisas-mudaram.html

Blog do Vieira disse...

Linda lembrança. Midnight Cowboy emociona demais e é ícone de uma época que se irradia nno tempo.

Teresa disse...

Ada, que lindo, que emoção, ouvir esta música ... uau fiquei arrepiada. E como sempre esta sua leveza ao escrever ... amei! beijo Te

Teresa disse...

Maravilhosos e terriveis anos ... muita coisa triste tanto no mundo como na vida pessoal. Mas, estavamos nascendo como individuos e tudo isso estava girando sobre nós ... esta música revive muitas coisas e emoções. E como sempre este jeito leve da Ada escrever ... Amei!